Uma reportagem publicada nesta segunda-feira (18) pelo jornal O Estado de S. Paulo colocou o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Flávio Dino, no olho do furacão político. Um ano e meio depois de sua chegada à mais alta Corte do país, sua atuação já não é vista apenas sob o prisma jurídico, mas também como elemento de peso na sucessão estadual do Maranhão.
Segundo o Estadão, decisões recentes de Dino têm ecoado muito além das páginas dos processos. O exemplo mais rumoroso aconteceu em fevereiro, quando ele suspendeu a nomeação de um conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE-MA) indicado pelo governador Carlos Brandão (PSB). A escolha havia sido aprovada em votação secreta pela Assembleia Legislativa, mas Dino considerou o ato incompatível e barrou a posse. O gesto, embora amparado em fundamentos legais, mexeu diretamente nas peças do jogo político e acabou fortalecendo setores mais próximos ao seu grupo.
Nos bastidores, a movimentação é lida como uma disputa silenciosa pelo comando do futuro político do estado. O deputado estadual Othelino Neto (Solidariedade), aliado histórico de Dino, é exemplo dessa engrenagem: sua esposa, a senadora Ana Paula Lobato, assumiu recentemente o comando estadual do PSB — partido que estava sob influência direta do governador Brandão.
O cenário, então, escancara um cabo de guerra entre brandonistas, aliados de Dino, comunistas, socialistas e até nomes vinculados à família Sarney. Ou seja, um tabuleiro em que cada decisão do ministro no STF repercute de forma imediata na política maranhense.
As críticas se avolumam. Há quem acuse Dino de confundir os papéis de magistrado e líder político, interferindo indiretamente na sucessão de 2026. Já seus defensores batem na tecla da legalidade: afirmam que o ministro segue estritamente os ritos jurídicos, e que a narrativa de “ingerência” não passa de estratégia dos adversários para desgastar sua imagem.
Mas uma coisa é certa: a menos de dois anos da disputa pelo Palácio dos Leões, qualquer gesto de Dino no STF deixa de ser apenas uma decisão jurídica. Vira, inevitavelmente, um movimento político. E reforça a percepção de que, mesmo de toga, o ex-governador continua exercendo influência na política maranhense.
