Em Caxias, a velha política mostra mais uma vez sua face autoritária. O jornalista Analio Júnior, conhecido por seu trabalho independente e crítico, virou alvo da poderosa família Gentil, que tenta calá-lo através da Justiça.
A ofensiva tem nome, sobrenome e valor: mais de R$ 53 mil cobrados por conta da divulgação de uma pesquisa eleitoral em seu blog, material que, vale ressaltar, foi produzido pela equipe de comunicação do candidato Paulinho, adversário direto do clã Gentil na época.
A sentença, já transitada em julgado, é resultado de uma representação feita pelo Progressistas, partido comandado pelo grupo político do ex-prefeito Fábio Gentil. A decisão da Justiça Eleitoral entendeu que houve violação ao artigo 33 da Lei das Eleições por divulgar uma pesquisa sem registro no TSE. Mas o detalhe que salta aos olhos é: Analio não fez a pesquisa, não contratou instituto, apenas reproduziu um conteúdo político já público. A punição soa desproporcional, para dizer o mínimo.
E a perseguição não para por aí. A Advocacia Geral da União já pediu o bloqueio de contas e bens do jornalista. Um verdadeiro cerco jurídico, que mais parece uma tentativa descarada de intimidação. Afinal, não é de hoje que Analio incomoda o sistema. Seu blog tem sido um dos poucos espaços que questionam a hegemonia dos Gentil na política caxiense.
A pergunta que fica é: desde quando informar virou crime? Quem se beneficia quando a voz da imprensa independente é silenciada? É notório que o grupo político que hoje comanda Caxias tem enorme dificuldade em lidar com críticas. Quando não conseguem responder com argumentos, recorrem aos tribunais para tentar esmagar financeiramente quem ousa desafiar sua narrativa.
Analio Júnior tem enfrentado diversos processos ao longo dos últimos anos. Foi absolvido na maioria. Mas este caso mostra que, além da arena política, os Gentil agora querem travar a guerra nos bastidores do Judiciário. E o objetivo é claro: destruir reputações e inviabilizar economicamente quem se recusa a se ajoelhar.
Caxias assiste, mais uma vez, à velha prática do coronelismo tentando se modernizar com terno, gravata e petição judicial. Mas o método é o mesmo: intimidar, calar, sufocar a oposição. Só que desta vez o alvo não é um adversário político, é um jornalista.
E quando o jornalismo é atacado, toda a democracia sangra.