Pela primeira vez, Rebeca fala sobre a tentativa de feminicídio que quase tirou sua vida em Timon

Blog Lucas Moura
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A enfermeira Anna Rebeca, 33 anos, mãe de dois filhos menores, decidiu quebrar o silêncio e compartilhar, pela primeira vez, os detalhes da violência brutal que sofreu no dia 20 de junho de 2025, em Timon. Vítima de uma tentativa de feminicídio, ela relatou como sobreviveu aos disparos feitos por seu ex-companheiro e como sua vida mudou desde então.


“Minha vida mudou de forma brusca naquele dia. Além das marcas físicas e emocionais, a violência quase me tirou totalmente a visão. Hoje enxergo apenas vultos e algumas cores, como se vivesse permanentemente em uma visão noturna”, contou Rebeca.


O dia do crime


Segundo o relato, Rebeca chegava em casa após um plantão, por volta das 9h da manhã, quando foi surpreendida com um disparo que a deixou sem enxergar. Ainda dentro do carro, tentou pedir socorro pelo celular, mas ouviu a voz do ex-companheiro anunciando que iria matá-la e depois tirar a própria vida.


“Eu gritava muito por socorro e pedia a Deus para me deixar viver, porque eu tinha dois filhos para criar. Abracei ele e disse que nós iríamos resolver, que ele podia me levar para o hospital. Foi então que ouvi outro disparo e consegui sair pelo portão, onde fui socorrida por vizinhos”, relatou.


Rebeca foi atendida pelo SAMU e levada ao Hospital de Urgência de Teresina (HUT), com diversos projéteis no rosto e no tórax. O impacto maior foi nos olhos, que a deixaram sem visão imediata.


O difícil caminho da recuperação


Inicialmente, médicos avaliaram que não havia possibilidade de cirurgia em Teresina, classificando seu caso como “gravíssimo e sem prognóstico favorável”. Porém, após mobilização da família e apoio de amigos por meio de uma vaquinha, Rebeca foi encaminhada a um especialista de fora do estado, que aceitou realizar as cirurgias.


“Ele me disse que minha chance de voltar a enxergar era de um em um milhão. Eu respondi que acreditava em Deus e que queria a cirurgia. Foi então que o impossível aconteceu”, lembra.


No dia 30 de junho, Rebeca passou pela primeira cirurgia, no olho esquerdo, e duas semanas depois, no olho direito. Hoje, apesar das limitações, ela já consegue distinguir vultos, algumas cores e identificar pessoas próximas.


“Sei que é um tratamento longo, mas tenho fé. Deus me permitiu abraçar meus filhos novamente e isso é o maior milagre da minha vida”, afirmou emocionada.


Um pedido de justiça e coragem


Além do relato pessoal, Rebeca fez questão de deixar um recado a outras mulheres que vivem situações de violência doméstica:


“Não se calem. Dêem sinais à família, aos amigos, para que providências sejam tomadas antes que seja tarde. Não deixem que suas histórias terminem em silêncio. Essa luta é nossa”, reforçou.


Rebeca segue em tratamento, contando com o apoio da família, dos amigos e de toda uma rede de solidariedade que se formou em torno da sua recuperação. Sua história é um grito por justiça e um alerta para a sociedade sobre a urgência em enfrentar a violência contra a mulher. Veja o relato completo abaixo:

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