Em Afonso Cunha, a prioridade da gestão parece não ser saúde, educação ou infraestrutura. A grande obra do prefeito Pedro Medeiros foi criar um gabinete exclusivo para a esposa, Maria Cirlene, garantindo a ela status de secretária municipal, com salário, CNPJ próprio, conta bancária exclusiva e até um pedaço do orçamento da cidade.
Segundo a lei aprovada às pressas, o chamado Gabinete da Primeira-Dama terá direito a 3% do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), além de poder receber recursos de ICMS, IPVA, transferências estaduais, federais e emendas parlamentares. Ou seja, uma mina de ouro institucionalizada dentro da prefeitura.
O caso escancara um nepotismo travestido de legalidade. Em vez de nomear profissionais qualificados, o prefeito preferiu oficializar a esposa como secretária de luxo, com verba garantida e autonomia administrativa.
A lei foi sancionada sem qualquer estudo de impacto orçamentário, como manda a Lei de Responsabilidade Fiscal. Uma canetada que abre espaço para suspeitas de favorecimento pessoal e uso político dos recursos públicos.
Até quando a população de Afonso Cunha vai aceitar que a prefeitura seja tratada como patrimônio particular da família do prefeito? Se essa moda pega, cada cidade terá um “ministério da esposa”, bancado com dinheiro que deveria estar no bolso do povo.