Uma reportagem recente do Fantástico (TV Globo) expôs o retrato do abandono da educação pública em Bom Jardim (MA) — município que, mesmo após receber mais de R$ 650 milhões do Fundeb nos últimos 13 anos, ainda mantém escolas improvisadas em igrejas, casas de moradores e até ao lado de fornos de farinha.
O programa mostrou o cotidiano de famílias que lutam para garantir o mínimo de dignidade aos filhos: salas de aula sem banheiro, prédios interditados por risco de desabamento e crianças estudando em locais sem ventilação nem saneamento.
Mas, enquanto a população enfrenta esse cenário de miséria educacional, uma emenda parlamentar do deputado Paulo Marinho Jr. foi destinada ao município, uma cidade onde, segundo os registros eleitorais, ele não obteve nenhum voto.
A destinação de recursos para Bom Jardim chamou atenção justamente pelo aparente desinteresse eleitoral: Paulo Marinho Jr. não tem base política no município.
Segundo informações públicas sobre o orçamento federal, as emendas parlamentares deveriam atender demandas legítimas de comunidades, priorizando áreas de impacto social e transparência na execução. No entanto, a falta de justificativas claras sobre o porquê da escolha de Bom Jardim alimenta suspeitas de que a medida possa estar relacionada a interesses políticos ou acordos locais, prática infelizmente comum na política maranhense.
O Fantástico também relembrou o histórico de corrupção que marca a gestão municipal. Dos últimos cinco prefeitos, quatro foram condenados por desvio de verbas ou improbidade administrativa.
Atualmente, a prefeita Christianne Varão (PL), mesmo partido de Paulo Marinho Jr., reeleita, também é alvo de investigações da Polícia Federal e do Ministério Público por corrupção e desvio de verbas da educação.
Enquanto milhões são movimentados em repasses e emendas, a realidade das salas de aula é de improviso e abandono. Professores se desdobram para ensinar em locais sem condições mínimas, e crianças sonham com o básico: um banheiro, uma carteira, um teto firme.
A fala do promotor Fábio Oliveira resume o impacto desse ciclo de corrupção:
“A corrupção na área escolar é um destruidor de sonhos.”
Até o momento, Paulo Marinho Jr. não se manifestou publicamente sobre os motivos que o levaram a destinar recursos para Bom Jardim, município onde não foi votado e que, como mostrou o Fantástico, enfrenta graves denúncias de desvio de dinheiro público.
Fonte: Caio Hostílio



